terça-feira, 21 de abril de 2009

HARRY POTTER E A CAMERA SECRETA


De férias na casa de seus tios Dursley, Harry Potter (Daniel Radcliffe) recebe a inesperada visita de Dobby, um elfo doméstico, que veio avisá-lo para não retornar à Escola de Magia de Hogwarts, pois lá correrá um grande perigo. Harry não lhe dá ouvidos e decide retornar aos estudos, enfrentando um 2º ano recheado de novidades. Uma delas é a contratação do novo Professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, Gilderoy Lockhart (Kenneth Branagh), que é considerado um grande galã e não perde uma oportunidade de fazer marketing pessoal. Porém, o aviso de Dobby se confirma e logo toda Hogwarts está envolvida em um mistério que resulta no aparecimento de alunos petrificados.

COMENTARIO:

O lançamento de "Harry Potter e a Pedra Filosofal", em outubro de 2001, deixou fãs, cinéfilos e executivos da Warner ansiosos. Os primeiros, porque mal agüentavam esperar mais uma semana para verem os personagens criados por J. K. Rowling nas telas do cinema. Os segundos, porque esperavam que o cinema ganhasse uma aventura infanto-juvenil divertida e inteligente, coisa que não acontecia há bons anos. E os terceiros, talvez os mais ansiosos, porque tinham uma mina de ouro recém-descoberta nas mãos: se o primeiro filme fizesse sucesso, a franquia estaria garantida por um bom tempo. O óbvio aconteceu, e as expectativas do público eram tão grandes (e o sucesso tão evidente) que a seqüência foi iniciada até mesmo antes do lançamento do primeiro filme. Exatamente um ano depois, "Harry Potter e a Câmara Secreta", ainda dirigido por Chris Columbus, e com o elenco original de volta. "A Pedra Filosofal" quebrou recordes de bilheteria, mas deixou alguns fãs e cinéfilos frustrados (os executivos, por outro lado, devem estar rindo até agora). A narrativa do filme, que segue fiel ao livro a maior parte do tempo, era por demais desconexa, como se o filme não tivesse uma história a ser seguida, limitando-se à copiar e colar capítulos escritos por J. K. Rowling no roteiro. A estréia de Potter nos cinemas não foi especialmente inesquecível, apesar de, sem dúvida alguma, ter sido um programa divertido e prazeroso. Esse "A Câmara Secreta", felizmente, corrige esse erro. Com exceção dos 30 primeiros minutos, em que a narração episódica dá as caras novamente, a nova aventura de Potter nos cinemas é coesa. O roteirista Steven Kloves acertou a mão, e finalmente percebeu que não funciona muito bem deixar toda a trama de mistério e suspense dos livros de Rowling condensada em míseros 40 minutos finais, como aconteceu em "A Pedra Filosofal". É claro que o fato do público já conhecer as origens de Harry e os personagens coadjuvantes ajuda e muito. Com isso, a ação e o delicioso clima de mistério têm mais espaço para serem desenvolvidos. Todo o suspense surge quando Harry (Daniel Radcliffe), depois de outras férias tediosas na casa dos Dursley, recebe a visita de um elfo doméstico chamado Dobby. O atrapalhado ser tenta alertar o garoto para que ele não volte à Hogwarts este ano, pois um perigo o aguarda. Harry não dá muita atenção, e volta à Escola de Magia e Bruxaria com a ajuda de seu amigo Ron (Rubert Grint). Com a trama sobre a Câmara Secreta iniciando-se lá pelos 20 minutos de filme, este novo exemplar da série abre muito mais espaço para o suspense e, portanto, é um pouco mais sombrio e assustador do que o primeiro. Além disso, a verdadeira investigação que os garotos fazem para descobrirem a câmera é bastante eficiente e envolvente, desenvolvida sem furos notáveis. Ajuda também o fato do filme ser bastante bem-humorado, principalmente por causa de Lockhart, o professor que desperta suspiros nas alunas, e indiferença e deboche nos alunos. Kenneth Branagh parece estar se divertindo bastante nesse papel, e certamente é responsável pela melhor atuação do filme. Jason Isaacs, no papel de Lucius Malfoy, por outro lado, está bastante caricato, e não ameaça nem amedronta ninguém. Já o elenco original, em especial o recém-falecido Richard Harris, consegue boas interpretações, apesar de Alan Rickman e Robbie Coltrane terem participações bem menores. O filme também traz um amadurecimento do personagem principal. Harry, em certo ponto do filme, fica em dúvida a respeito da origem de seus poderes. Além disso, Potter fica preocupado ao descobrir que tem algo em comum com Lorde Voldemort, o bruxo que matou seus pais. Infelizmente, essa tentativa de dar mais alguma consistência e densidade à história é pouco explorada, ficando restrita à algumas cenas no final do filme. Há ainda um outro problema, um pouco mais considerável: a duração de 2 horas e 40 minutos poderia ser reduzida em pelo menos 20 minutos. Cortando algumas cenas desnecessárias (o jogo de quadribol e a cena do salgueiro lutador, por exemplo, não têm grande importância), Chris Columbus poderia ter feito um filme melhor. Apesar disso, há momentos de verdadeira emoção e magia em "A Câmara Secreta". A cena do Ford Anglia voador é alucinante, assim como o divertido duelo entre Harry e Malfoy. A melhor cena, no entanto, é a incursão que Harry e Ron fazem na Floresta Negra, na tentativa de descobrirem aonde as pequenas aranhas estão indo. Rupert Grint consegue arrancar boas risadas neste momento em especial. O final do filme também é mais impactante do que o do primeiro. A violência da cena, inclusive, pode chocar pais puritanos que levaram seus filhos pequenos ao cinema. As crianças, por outro lado, vão vibrar quando Harry salvar Hogwartas mais uma vez. Ou você acha que isso não iria acontecer ? Com isso tudo, à despeito de alguns problemas menores, "Harry Potter e a Câmara Secreta" é um passatempo muito mais divertido e agradável do que a primeira experiência do bruxinho nos cinemas. Resta agora saber o que Alfonso Cuarón, o diretor que assinou para comandar o terceiro exemplar da série, vai fazer com "Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban". Se depender do curriculum do diretor (que fez, entre outros, o ousado "E Sua Mão Também" ), e da qualidade do terceiro livro, a próxima aventura tem tudo para ser ainda mais emocionante.

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